sexta-feira, 1 de julho de 2022

Refletir e Existir.

 

Refletir e Existir.



Eu, Fernando Matos, sempre fui um sujeito que ouvi e ainda continuo ouvindo os irmãos. A madrugada é a minha única conselheira e implacável é ela nos conselhos noturnos sobre a Vida e a importância do Existir.


No ano de 2018 houve um número alto de suicídio entre os profissionais de Enfermagem, a minha esposa, mesmo perdeu uma colega que se jogou do apartamento onde morava e quando relatei isso nas mídias sociais fui bastante criticado por estar indiretamente incentivando a outras pessoas a cometer esse ato contra a maior riqueza humana… Absurdo é fechar os olhos para um grave problema como esse, o Suicídio, pois, só nos unindo em oração e ação de ouvir poderemos ajudar as pessoas que se encontram em desespero. Foi o que fiz e faço colocando minhas obras literárias para todos Refletir e se deixar levar por sentimentos que antes pesavam ser só “delas” (as pessoas). Desse jeito recebi irmãos no “bate-papodo Facebook dizendo estar prontas para o ato contra a própria vida. Conversamos por dias e graças a Deus consegui reverter esse pensamento por mais um tempo. A Enfermagem nunca descansa e está sempre presente nas festas de aniversário, nos parques, nas matérias de jornais e ativa na modernidade nas mídias sociais. Eu mesmo sofro de depressão e já me peguei pensando em tirar a própria vida, o que fiz? Conversei com Deus… Sabe qual foi a resposta? O corpo não é seu, foi emprestado para uma missão. Loucura? Não, é revelação. Daí por diante passei a vigiar mais de perto meus pensamentos ruins e orar muito mais, “Orai e Vigiai” lembram?


Assim veio 2019, 2020, 2021 e 2022 e não sei como estão aquelas pessoas que ajudei no seu momento mais complicado de suas vidas, tudo bem, respeito o livre arbítrio de cada um até porque morrer não é complicado. Difícil mesmo é arrumar outra oportunidade de reencarnar para continuar evoluindo. Amo a Enfermagem, Amo escrever até porque essa sempre foi a minha válvula de escape presente nas minhas veias criativas. Sei que estou passando por um momento muito complicado, mas tenho um lar abençoado, uma família colaborativa, alimento-me todos os dias… Então vou seguindo no existir deixando nas mãos do Supremo Arquiteto os problemas que não consigo resolver e colaborando com a educação da minha continuidade, meu filho João Emmanuell, a maior Benção que já recebi nessa Vida.


ILUSÃO



Solilóquio de sentimentos

Impuros numa noite Eternas,

Verdades claras.


Um corpo,

Bebida de mentiras Alcoolizadas.

Lâmina cega, Cortando a visão

Do espírito.


Insurreição de gestos Presos

Em passos lentos.

Imagem refletida no espelho da alma...

Já não tem o mesmo tamanho


Cedro da lei espiritual não está longe,

Inconsciente.

Idade que perdura na escuridão.



Inábil ser trampolim da iniquidade.

Corpo no solo do mundo,

Corpo solo no mundo.

Barricada de uma Existência Sofrida.



Deus do vento,

Da terra...

Deus do pensamento,

À vida...

Além da morte.



Antagônico Humano Humo...

Engodo da covardia,

Mesmo que a vitória tardia.

Adeus a um corpo,

Despedida Vida na lâmina cega.

Destroçar a própria ilusão

Seguindo o Caminho.



Fernando Matos

Enfermeiro e Poeta Pernambucano.

Foto: Google Imagens 



domingo, 23 de janeiro de 2022

Cuidar e Cuidado Nunca é Demais

 

Cuidar e Cuidado Nunca é Demais

 


O que é empatia?

No dicionário, uma das definições diz que ela é a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente e de querer o que ela quer. Em resumo, poderíamos dizer que ter empatia é se colocar no lugar do outro.... https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/12/07/empatia-o-que-e-e-como-desenvolver-para-melhorar-suas-relacoes.htm?cmpid=copiaecola

 

Essa pandemia (2020/2022) fez-me lembrar de que ter empatia e ser empático são coisas completamente diferentes. No básico ter empatia é se colocar no lugar da outra pessoa. Isso na pandemia foi assunto de diversas mídias e bate papos entre pessoas na sociedade. Contudo essa não é uma palavra nova e ter esse tipo de atitude deveria ser um padrão social, mas não é ou talvez nunca foi.


Lembro-me bem de um ocorrido enquanto eu estava como preceptor de enfermagem de uma turma de graduação em um Hospital de grande porte aqui da Cidade do Recife/PE., onde me deparei com situações no mínimo aterrorizantes. Isso aconteceu há mais de 10 anos, estávamos começando o estágio no setor de Tisiologia com pacientes bastantes crônicos e já era regra lavar bem as mãos (sempre), manter distanciamento seguro paciente/profissional de saúde, usar máscara apropriada para o setor. Para quem não sabe o que um setor de Tisiologia: “parte da medicina que estuda a tuberculose.” Como todo bom Ser Humano o medo faz parte para poder enfrentar certos desafios e os alunos mesmo temerosos encararam com êxito o setor acima citado. Era uma ala dividida em setor feminino e setor masculino com duas enfermarias e resolvemos no primeiro dia ficar no setor masculino. Começamos as visitas de enfermagem com estudos dos prontuários, depois seguimos para exames físicos e durante esses procedimentos vimos passar uma jovem bonita, aparentemente saudável, de um corpo bem definido que chamou a atenção de todos os alunos de enfermagem que eu estava acompanhando. Uma das alunas chegou a perguntar: “Professor, o que essa jovem faz aqui nesse setor e sem máscara? Ela não parece estar doente, mas pode ficar, não é?” Respondi de forma afirmativa e uma das técnicas de enfermagem ao ouvir a conversa foi chegando junto e dizendo: “Que vê cara não vê coração professor” “essa jovem de quem vocês estão falando pode ser bonita, ter um corpo de chamar a atenção, mas é portadora da bactéria que causa a tuberculose e ela também é portadora do vírus do HIV/Aids. O pior é que ela diz em alto e bom som que não vai morrer só e vive fazendo sexo com todos os homens”.


Essa narrativa me deixou perplexo e depois de mostrar minha indignação sobre o assunto perguntei como poderiam fazer sexo em um hospital e ainda por cima doentes? A técnica de enfermagem informou algo muito mais grave, que a noite como é um hospital público e fica muito escuro e sem segurança “alguns” pacientes chegam a fazer o que querem, do sexo, ingerir bebidas alcoólicas até consumir maconha. Como disse acima isso aconteceu há muito tempo e nos dias atuais fiquei sabendo que a vigilância é mais rigorosa durante às 24 horas o que dá mais segurança tanto para os pacientes como para os profissionais de saúde que trabalham principalmente no turno da noite.


Então, é de espantar que a falta de “empatia” não é de hoje? Não, até porque escutamos no dias atuais frases como: “Eu estou doente com COVID19 e daí? Vou continuar minha vida normal”, “Todo mundo vai morrer um dia”, entre outras...


A verdade é que precisamos ter uma educação básica familiar para poder viver bem em comunidade. Como diz bem um ditado antigo: “Costume de casa vai a praça”. Cuidar é uma arte e consegue trazer para nós profissionais de saúde satisfação e alegria toda vez que um paciente recebe alta e segue sua vida com a saúde controlada. Ter cuidado, isso requer uma atenção sempre e contínua porque não sabemos o que iremos encontrar nas esquinas do mundo. Lembrando também que nem todo rostinho bonito é um bom sinal de boa saúde como relatamos o episódio passado no hospital público. Ser empático exige muita atenção em querer ajudar, ter postura empática, criar vínculo que fortaleçam a inteligência de uma relação segura para ambas as partes.


Ninguém vive só e sempre haverá um Ser Superior para julgar todos nós...


 

Fernando Matos

Enfermeiro e Poeta Pernambucano

(Direitos Reservados ao Autor da Obra)

Foto: Google Imagens 



domingo, 11 de fevereiro de 2018

Os Escolhidos


Os Escolhidos

Nunca saberemos o acorde final de uma música... Assim também é a nossa vida, tão unicamente imprevisível que no final resta-nos apenas agradecer para continuar a existir. Minha história na enfermagem começou de uma forma estranha aos olhos humanos. Após uma separação do primeiro casamento e acompanhada de uma demissão no banco, isso mesmo, já fui bancário. Fui à busca de novos horizontes e nada aparecia e voltando para casa dos meus pais isso me frustrava constantemente mesmo sabendo que teria a grata ajuda dos meus genitores. O Guerreiro perde o braço, mas nunca deixa cair sua espada... Certo dia ao acordar e agradecer a Deus pela noite de descanso escutei claramente uma voz dizendo-me: “Você vai ser enfermeiro” e fiquei assustado logicamente e perguntei : Como assim? A voz repetiu a mesma frase e nada mais perguntei... Tomei meu desjejum, coloquei a mochila nas costas e avisei que voltaria logo. Seguindo sem rumo e sem destino acabei por passar pela Rua Riachuelo e observei uma placa: “Técnico em Enfermagem”, parei por um segundo e me decidi a entrar para efetuar minha inscrição. Uma mulher me atendeu e depois fiquei sabendo que era a fiscal do conselho de classe da região. Ela me perguntou por que o meu desejo de fazer enfermagem uma vez que eu era formado em Relações Públicas e amante das artes. Então a respondi que era um desejo muito pessoal, fiz minha inscrição e durante todo o processo de ensino todos faziam a mesma pergunta: Por quê? Eu fazia um leve sorriso e respondia a mesma coisa: Um Desejo Pessoal. Passando pelas aulas teóricas fui encaminhado para os estágios práticos, onde ninguém faz ideia de como é uma rotina hospitalar. Determinado ouvia tudo e todos, um abusivo observador e sempre despertando curiosidades nas pessoas por ter mudado meu destino. Naquela época havia estágio voluntario nos hospitais públicos de Pernambuco e inscrevi-me para fazer meu estágio na UTI, só faltaram me internar (risos). Foi o melhor lugar para se apreender toda uma rotina no servir, inclusive como se sair de algumas “saias justas”. Chegou o dia da minha formatura como Técnico em Enfermagem e escolhi meu pai Clélio Santos de Matos para ser meu padrinho. Antes mesmo de terminar o estágio voluntário onde fui muito bem observado, conheci um jovem que também era técnico em enfermagem de lá e de outro hospital: O Hospital Ana Neri. Fui apresentado nesse hospital e comecei a trabalhar para minha alegria e de meus pais. Eu estava concretizando a Vontade Divina? Não... Apenas tinha dado os primeiros passos de uma longa jornada. Não foi um nem dois pacientes que faziam questão de elogiar meu trabalho e questionavam por que eu ainda não havia feito o curso superior de enfermagem? Eu respondia que não havia mais idade para tanto estudo, outro grande engano meu. No ano de 2005 surgiu aqui em Recife/PE o primeiro curso de enfermagem na Faculdade Maurício de Nassau e minha genitora aconselhou-me a fazer... E fiz. Passei e não acreditava de ter passado, novos desafios e com mais suor, sangue suor e lágrimas... Mas quem disse que seria fácil?

Durante os oito períodos muita coisa aconteceu comigo e com pessoas da minha turma. Motivos não faltaram para desistir no meio do caminho, no entanto um sempre ajudou ao outro nessa caminhada árdua e valeu à pena. Chegamos ao final e eu sempre fui esquivo dessas coisas de baile de formatura, então não participei. Deixei meus pais tristes, mas após uma conversa eles entenderam meus questionamentos, será?(risos). Todavia não era o único que pensava desse jeito e nos juntamos para fazer o juramento de Enfermagem em separado da turma e no dia desse acontecimento quem fez esse juramento? Sim, fui eu. Ali sim eu estava concretizando uma Vontade Divina que lá atrás me falou logo no despertar: “Você vai ser Enfermeiro”. Hoje sigo sendo enfermeiro atuando como preceptor da instituição que me formou e de algumas escolas técnicas que tive a honra de passar. Atuou ainda como enfermeiro visitador orientando os pacientes na administração de medicamentos imunobiológicos. Sem esquecer que em 2015 me tornei Membro Fundador da Academia Internacional de Poetas e Escritores de Enfermagem – Academia IPÊ. A estrada ainda é longa e com os meus pés descalços vou deixando minhas pegadas na areia da vida.

Fernando Matos
Poeta e Enfermeiro Pernambucano
http://contosdaenfermagem.blogspot.com.br/




terça-feira, 7 de novembro de 2017

Ainda Não é a Hora

Ainda Não é a Hora



Devemos ter cuidado como utilizamos o pincel da vida... Um pequeno detalhe poderá alterar a imagem por toda a eternidade. Novos alunos com novas expectativas e desafios, sim até porque noventa por cento deles já estão na área de saúde há muito tempo. O setor de emergência é sempre uma caixa de grandes surpresas e durante um plantão qualquer acontecimento poderá se transformar em um grande ensinamento.


Chegou a nossas mãos um paciente que havia tentado suicídio e nesse momento começamos correr contra o tempo para reverter o quadro crítico. A minha equipe de alunos havia pessoas que já trabalhavam como técnicos em enfermagem nas áreas de trauma e resgate, estando naquele momento participando do estágio de graduação para galgar mais um grande degrau na carreira profissional. Posicionamos-nos cada um no seu lugar de atuação, alguns tentando acesso venoso periférico, outros realizando aspiração de secreções uma vez que a vítima havia ingerido algum tipo de veneno ainda não identificado. Para isso outro aluno foi em busca dessa informação para podermos agir conforme o protocolo... Entretanto a equipe médica parecia não haver passado por esse evento ainda e buscava informações médicas em aplicativos na rede de computadores... Tudo bem cada um na sua área e a nossa de Enfermagem estava agindo corretamente apenas aguardando as médicas para a realização da EOT (Entubação Endotraqueal). A primeira tentativa não houve êxito e na agitação que é peculiar da emergência a médica fez outra EOT sem tirar a anterior o que causou espanto em toda a equipe de enfermagem. Os olhares falavam muito, “dizer ou não dizer” que algo estava errado, optamos por dizer em prol do paciente. Foi feito a correção e a EOT funcionando perfeitamente. Agora a passagem de SNG aberta para retirada de fluidos e certos tipos de procedimentos não adianta ficar tenso ou com pressa de resolvê-lo... A colega Enfermeira do plantão de tão nervosa não obteve bom resultado, então me ofereci para passar tendo êxito apenas com a ajuda dos meus alunos de graduação. Depois de todo o procedimento feito nos reunimos e conversamos sobre o ocorrido, fazendo um estudo de caso ali ao vivo e na hora o que nos foi uma experiência inenarrável. Durante o restante do nosso plantão na emergência o paciente manteve-se em estado instável e aguardando vaga em alguma de UTI do Serviço Público.


Quando todos estavam distantes a conversar sobre o assunto, cheguei mais próximo daquele cidadão que tentara contra sua própria vida e disse-lhe baixinho: Ainda não é à hora e acredite você se livrou de um enorme pesadelo espiritual. Que os Anjos de Luz te guiem e te oriente. Não vai ser nada fácil, contudo poderia ser muito mais difícil... Fica com Deus.  

Fernando Matos
Poeta e Enfermeiro Pernambucano

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domingo, 17 de setembro de 2017

O Impossível a se Fazer Possível

O Impossível a se Fazer Possível



Não repare a distância a percorrer, dê um passo com segurança de cada vez. O mundo está passando por uma transformação que aos olhos negros poderá parecer apenas mais um dia simples, à visão vinda do Superior uma Nova Era com grandes superações. Não terei a certeza talvez se todos os alunos que agora passaram por mim puderam ter a sensibilidade de observar a energia que somos e por ela estamos sendo utilizados, mas sigo em frente confiante que a semente do cuidar foi plantada.

Em mais um dia de serviço tanto a fazer e pouco tempo para solucionar as dores e incertezas dos pacientes. Um cidadão com SVD fazendo irrigação contínua fica com a sonda obstruída, apresentando piúria tenta-se a desobstrução e nada, volta ao médico e esse tem o êxito. Não importa os comentários, mas o sorriso de satisfação do paciente no seu caso por hora resolvido. Outro paciente na maca retrátil que não funciona mais e se torna rasteira dificultando qualquer tipo de procedimento... Todavia para os determinados isso não é determinante e sete pessoas unem-se para dar um banho de conforto ao irmão necessitado, faz-se curativo na UPP (Úlcera Por Pressão) e na lesão severa localizada no testículo. Olhares de dúvidas, sentimento de força e união, um paciencioso na luta por sua recuperação. Fato que levou a todos a sonhar e manter oração constante em prol de sua melhora... Agora uma paciente com dores fortes no joelho sem ainda um diagnostico fechado, olhar de súplica e sou surpreendido por sua voz espiritual clamando socorro. Pego o prontuário pergunto o nível de dor, faço a primeira intervenção que é ouvir e dar uma voz de conforto, contudo nada disso ainda é o alívio suficiente para tanta algia. Ao longe outro paciente parece pior e chamam-me para intervir e o equilíbrio nessas horas é fornecido por esferas superiores. Dou solução ao caso iminente, dirijo-me a sala de preparo das medicações e sem demora manipulo com cuidado a medicação daquela paciente com dor insuportável. Volto a sua maca, agora trazendo a solução que ela tanto almejava e a encontro tremendo de tanta dor, olhos cheios de lágrimas... Sem demora instalo a medicação e peço para que observe a melhora ou piora e chame-me se preciso. Vou à procura dos meus alunos e eu encontro eles com olhar compenetrados ajudando o seu próximo, por dentro de mim cai uma lágrima de alegria acreditando que estou repassando as orientações correta. Depois de algumas horas a mais de serviço em meio a um mar de macas, passo novamente pela jovem que antes era só dor, agora já um sorriso que superou aquele momento álgico a mesma pega em minha mão e diz: Muito Obrigado. Peguei o prontuário daquela jovem mulher e em busca de tentar entender porque sua família estava tão apreensiva... A suspeita era de Leucemia, os resultados dos exames já mostravam isso bastando apenas o médico dizer a verdade à família. Deus por nós que recorremos a vós...

Assim mais duas turmas de estagiários findam seu período e seguem para novos encontros com outros preceptores e o meu desejo é que a Luz do Divino Amor esteja com cada um deles capacitando-os no Eterno Cuidar ao semelhante.

Plantamos sementes de alegria entre espinhos, na esperança que lindas flores de louvor possam glorificar o Grande Construtor do Universo.


Fernando Matos
Poeta e Enfermeiro Pernambucano

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sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A Educação que Vem dos Chinelos

A Educação que Vem dos Chinelos



Momento de descontração na Enfermagem é sempre bem vindo e faz bem a saúde de quem está sempre disposto a cuidar do seu semelhante. Eu sempre soube que a boa educação vem de berço, um ditado tão antigo e pouco aplicado no nosso dia a dia não é verdade? Mentira, eu conheço uma pessoa que vai além dessas expectativas de boa educação.

Estávamos iniciando mais um plantão com seus diversos problemas a serem resolvidos e minha equipe sempre muito bem atenta e é assim que gosto, pois dá certa leveza ao trabalho ao contrário que muita gente pensa que o estresse é o motivador do profissional. Estar em QAP (Atenção) para o que acontece ao seu redor no trabalho de Enfermagem evita desgastes emocionais desnecessários. Se começamos um plantão em ordem é nosso dever devolver em ordem para haver uma ótima continuidade do serviço. Pois bem, assim nos comportamos e na hora sagrada do almoço e parece que tudo acontece nessa hora (risos) ao final de uma boa alimentação para o segundo turno de atividades na saúde em prol do nosso semelhante ouvi umas gargalhadas e curioso perguntei... Ficaram meio envergonhadas com a pergunta, mas depois jogou no ar a gafe do mês das flores. A colega JMM ao ir ao sanitário de longe observou o que poderia ser dois pés e com muita educação pediu licença para adentrar no banheiro. Foi quando a mesma se deu conta que tinha usado da sua boa educação para um par de chinelos... Riso solto fez nosso dia mais feliz naquele momento. Voltamos mais iluminados para terminar com alegria mais um plantão.

Não importa o modo da felicidade, a graça está na alegria de quem a vive.


Fernando Matos
Poeta e Enfermeiro Pernambucano
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domingo, 3 de setembro de 2017

Benevolência Universal

Benevolência Universal



Todos os caminhos percorridos nas encruzilhadas da Vida só uma seta que nos mostra o caminho para retornar... Quando comecei a minha jornada na saúde e tinha como propósito ajudar o meu semelhante nada é igual que a sensação de estar de volta ao Hospital Otávio de Freitas, minha casa onde tudo começou. Atualmente atuando como preceptor de estágio, repassando tudo que apreendi nesses longos quem sabe pequenos anos. A troca que existência humana cobra sem parcelas.


Mais uma turma de novas estagiárias dando continuidade na sua formação como técnica em enfermagem e uma emoção sacudiu meu espírito viajante quando observei em cada novo olhar daquelas jovens o desejo ardente em ajudar, conhecer mais e cuidar de seus semelhantes... Eu estava de volta. Chegamos ao setor e nos encontramos com alguns entraves, nada mais que querendo provar nossa vontade de estar ali presentes como instrumento da Luz Divina. Na saúde não existe isso de ficar “sem fazer nada”, sempre terá alguém para ajudar e foi desse jeito que encontramos o senhor J. N. vamos assim chamá-lo por questões éticas. Um paciente com seus 68 anos de idade, recém operado pela Urologia e com um agravante... Sem acompanhante. Chegamos perto e seu estado não era dos melhores, necessitava de uma atenção especial: Ainda todo sujo de sangue, numa maca, dieta zero, tinha apresentado êmese logo cedo SIC (segundo informações colhidas), enfim precisava de nós. Chamei pelo olhar algumas alunas e logo fui atendido levando aquele cidadão para sala de procedimentos onde iniciamos o processo de um banho. Notei também que ele estava com obstrução na SVA e apresentava algia ao toque na região da bexiga, providenciei imediatamente material para desobstrução, pois ninguém merece estar sozinho em um hospital público e com dor. Foi um trabalho iluminado e purificador porque o Sr. J. N. saiu daquela sala, asseado, sem dor e com instruções de uma dieta liberada, pronto o caminho totalmente seguro e calmo. Não, passamos todo o plantão em QAP Total (atenção) porque estava prescrito para ele, Irrigação Contínua e o receio da sonda obstruir novamente o que aconteceram algumas outras vezes e fora feito a devida desobstrução e alívio da dor. As alunas entenderam o recado e ficaram comigo sempre no bom atendimento a outros pacientes sem esquecer-se do Sr. J. N. e no final do nosso “Plantão” de conhecimentos e procedimentos lá estava novamente o paciente com os lençóis ensangüentado... Reunimos forças e realizamos todo o processo inicial do dia e faríamos isso sempre que necessário.


Quando entregamos nossas vidas às bênçãos do Grande Arquiteto do Universo um Grande Campo Energético nos oferta a Benevolência Universal da Vida.


Fernando Matos
Poeta e Enfermeiro Pernambucano

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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O Necrotério

O Necrotério



A de se espantar alguém que tenha o fascínio de estar em um recinto mórbido. Mais uma dessas curiosidades que a vida nos apronta e não sei se admiro ou fico assustado com tal comportamento. Aliais a palavra comportamento vem do conjunto de ações de um indivíduo observáveis objetivamente.


Era mais um início de estágio para uma nova turma de alunas de “Técnicas em Enfermagem” onde ninguém conhece ninguém, nem a si mesma... Apresentamo-nos ao setor de estágio e logo começamos a trabalhar, até porque o Setor de Urgência e Emergência ninguém fica parado. Atendimento vem e atendimento vai até que uma das alunas me chamou ao canto e com um brilho todo especial nos olhos de desejo ardente me interpelou: - Professor, onde fica o necrotério? Para meu espanto respondi: Meu Deus alguém do seu conhecimento morreu? Ela riu e respondeu: - Não, eu é que sou fascinada por estar e ficar dentro de um necrotério... Aquilo me deixou pasmado até porque é o único lugar que um ou um (a) aluno (a) quer conhecer ou até mesmo ficar. Disse-lhe que não sabia e desconversei o assunto até para que o foco do aprendizado fosse e continuasse sendo o paciente “Vivo”. Chegou a hora do almoço e no momento de relaxamento (raro na enfermagem) perguntei a pretensiosa aluna: Por que você tem esse desejo ou encantamento por necrotério? Ela com um sorriso de dia das bruxas respondeu: - Professor não sei dizer, talvez seja porque uma pessoa muito querida minha morreu no dia do meu aniversário. Explicação talvez óbvia demais para que trabalhe na psicologia, mas para mim que além de enfermeiro – poeta – espiritualista na me convenceu e o debate aconteceu... Chegamos a uma medicação na conversa até porque devemos respeitar a opinião e desejos alheios (Livre Arbítrio) voltamos para a segunda parte do estágio e quando dei por mim não conseguia visualizar a aluna entre os pacientes (Vivos) no corredor da emergência. Logo depois enxerguei ao longe ela (a aluna) vindo em minha direção com um sorriso muito bonito e transbordando de felicidade, não tive mais dúvida ela fora visitar o necrotério... E então gostou? Ela responde: - Amei professor me senti realizada.


Se diante do espelho a mais complexa imagem do nosso reflexo não nos enxergamos por completo... Que podemos dizer do nosso companheiro de viajem terrena? 



Fernando Matos
Poeta e Enfermeiro Pernambucano
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segunda-feira, 19 de junho de 2017

Humanização

Humanização


Participar da Enfermagem Brasileira é uma das grandes alegrias que logramos no percurso de toda nossa carreira profissional. Estávamos fechando mais um ciclo de estágio dos acadêmicos de uma grande Faculdade aqui de Recife/PE e o meu desejo era fecharmos com um aprendizado para marcar toda a nossa vida. Quem lê assim e sabe que estávamos no setor de emergência vai pensar e com razão que o nosso desejo era o sucesso em uma reanimação de PCR (Parada Cardiorrespiratória)... Engano total.


Chegamos ao sábado para um plantão de 12 horas, equipes a postos para o que der e vier... Medicação completa, enfim tudo certo como manda o figurino a não ser um mau cheiro terrível de matéria orgânica podre que encheu todo o ambiente da emergência. Tal odor terrível não deixava ninguém transitar pelo setor com tranqüilidade e fomos à procura de acabar com a tal podridão. Para o nosso espanto na “Observação Masculina” encontrava-se um senhor humilde, cambaleante e de voz arrastada. A nossa surpresa para o péssimo aroma vinha dessa pessoa... O que fazer? Quem é esse cidadão? Tem acompanhante? Qual a patologia que o levou a ficar internado na observação da emergência? Tantas perguntas e uma Enfermeira de Primeira Classe que vamos chamar a mesma aqui pelo nome fictício de Senhora Flora. A minha parte era orientar os estagiários no setor e alcançou algo mais distante, observar a atitude de nossa Enfermeira Flora e assim fizemos... Enquanto eu e minha equipe atendíamos outras pessoas na sala de medicação a Senhora Flora partiu para providenciar material de higiene pessoal e indumentária limpas para o cidadão vestir, pois tudo indicava que o mesmo passaria o fim de semana no hospital e assim foi. Não agüentamos de tamanha curiosidade para saber mais sobre o cidadão e fomos perguntar a Enfermeira Flora algo mais... Ela nos respondeu que o senhor que se encontrava na observação masculina era um morador de rua e etilista, estava debilitado, desidratado, desnutrido e sem ninguém na vida. O silêncio tomou conta de meu espírito e da minha equipe também e a partir dessa informação engajamos na grande missão em ajudar de alguma forma o irmão desprovido de recurso. Após um bom banho, roupas limpas o cheiro desagradável foi embora, aquele homem dormiu tranqüilo todo o sábado. Domingo chegou e veio à curiosidade em visitar a observação masculina... Lá estava o senhor do destino, agora com um aspecto mais tranqüilo, alimentado e higienizado. Ficamos a pensar até onde vai a Força da Nossa Enfermagem no Cuidar? Impossível mensurar tamanha dedicação de um Ser em prol de outro Ser... É hora de falar um até breve, quem sabe um dia eu volte e que valeu todo o aprendizado de convivência e sabedoria da experiência de vida de todos, sejam técnicos em enfermagem, enfermeiros, enfermeiras o que logramos foi à passagem de uma grande lição que irá perpetuar com a Fragrância da Humanização da Enfermagem.


O Cuidar não é competência apenas do Sistema de Saúde... É uma responsabilidade alçada à Vida Individual e Coletiva.



Fernando Matos
Enfermeiro e Poeta Pernambucano
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quarta-feira, 14 de junho de 2017

Paciente X

Paciente “X”


Vivemos com tanta pressão que às vezes é preciso um momento de descontração para saber que a nossa existência não é apenas de preocupação e dor.


Em nosso encontro de trabalho na emergência aconteceu um fato que se fosse para ser uma pegadinha não teria sido tão hilário. Quando estou com alguma equipe de enfermagem tento transmitir a união e responsabilidade acima de qualquer interesse pessoal levando a quem estiver a pensar que o importante é a Vida do nosso semelhante. Assim se faz Graças a Deus e todo o serviço torna-se mais leve porque muitas mãos trabalham em um objetivo realizando com êxito e glória sua missão. Foi uma manhã turbulenta, vários pacientes a medicar e a atenção estava à flor da pele e mesmo assim tomávamos conta um do outro. Quando já estava chegando perto das 12 horas e a linha de partida para o almoço mostrava-se tão perto fui controlando a ansiedade de todos mesmo sabendo que é importante repor as energias para uma boa continuidade do serviço. Eu, da minha parte estava com uma vontade enorme de aliviar-me e o corre-corre do serviço não teria dado oportunidade para tal feito. Então, ao comunicar à minha equipe a boa hora do almoço soltei uma mensagem: “Antes vou ali ver um paciente que está com água no joelho e precisa urgentemente fazer a retirada desse líquido” e assim fui... Ao retornar para o grupo vários sorrisos largo, e confuso perguntei: - O que houve? Uma pessoa da equipe respondeu ainda rindo muito. - “Professor (como sou carinhosamente chamado) “eles” estavam preocupados com o paciente que o senhor foi ver (mais risos) e eu falei que o senhor teria ido ao toalete eliminar diurese. Aliviados de todas as formas (risos) fomos nos reabastecer para o segundo turno de uma emergência cheia de surpresas (mais risos).


“O bom líder caminha atrás de seus seguidores...”


Fernando Matos
Enfermeiro e Poeta Pernambucano

http://contosdaenfermagem.blogspot.com.br/